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Entrevista: economista americano Jeremy Rifkin

Os países ricos entraram em recessão e muitos anunciaram cortes em vários setores da economia. O momento é adequado para investir em energias renováveis?

Se não acabarmos agora com o vício do petróleo, os danos serão muito piores. Não há dúvida de que as duas têm pontos em comum, mas a devastação financeira e emocional provocada pela atual crise deixou parte do mundo cego para enxergar diferenças cruciais entre elas. Hoje, o planeta enfrenta três crises simultâneas: a financeira, a energética e o aquecimento global. É o que chamo de a tripla armadilha. Elas estão interligadas. Não há como resolvê-las separadamente. O impacto dessa população no consumo será enorme. Isso aumentará ainda mais a demanda por petróleo e outros combustíveis fósseis, como carvão e gás.

O preço do barril de petróleo, que ultrapassou 140 dólares, caiu agora para 45 dólares. A baixa no preço dos combustíveis não desmonta seus argumentos?

De forma alguma. O valor atual do barril de petróleo demonstra que a economia está paralisada pelos efeitos da crise financeira. Por causa do aumento da população mundial e do consumo, o preço do petróleo vai subir em breve, por mais lenta que a economia esteja. A Agência Internacional de Energia prevê que o barril atinja os 100 dólares no ano que vem e permaneça assim até 2015. O barril deverá custar 200 dólares em 2030. O valor do petróleo repercute em todos os bens de consumo. Comida, roupas, carros, papel, computadores, todo produto que consumimos hoje tem seu valor pressionado pelo combustível. O poder de compra diminui, as fábricas fecham as portas, pessoas perdem o emprego. Aí reside um dos principais argumentos sobre a necessidade de novas fontes de energia. Quando o barril chegou aos 147 dólares, em julho, aconteceu o que chamo de pico da globalização.

O que já foi feito de eficaz em direção à revolução energética?

 Parar é o maior erro que os dois países poderiam cometer agora. Quem salta e pára no meio do salto cai. O próximo passo é atingir a chamada meta 20-20-20, proposta pela União Européia. Isso significa aumentar em 20% a eficiência das energias tradicionais, diminuindo o desperdício. Se isso acontecer, em dez anos um terço da energia elétrica da Europa virá do vento, do sol e dos mares.

Por que o fato de a maioria das baterias ser feita de lítio pode vir a ser um problema?

 Se não tomarmos cuidado, passaremos da dependência dos combustíveis fósseis para a dependência do lítio. As reservas de lítio, assim como as de petróleo, são limitadas e estão em poucos lugares do planeta. A maior parte delas está localizada nos Andes, principalmente no Chile. O presidente boliviano Evo Morales anunciou, em março, a exploração de reservas de lítio em seu país. É provável que a Bolívia vire uma grande produtora de lítio nas próximas décadas. O risco é dependermos de alguns poucos países para extrair o lítio, o que pode provocar novos imbróglios geopolíticos.

Como a internet da energia funcionaria na prática?

Grandes empresas de informática, como a IBM, têm projetos de softwares para a criação de redes inteligentes de distribuição de energia. Esses softwares reproduzem no sistema energético a interatividade do mundo virtual. Há até um cálculo para o custo da implantação de redes desse tipo na Europa. Antes, porém, é preciso superar o obstáculo de integrar as antigas energias com as novas.

Quem está na frente na corrida pelo novo cenário energético mundial?

A Europa está na liderança. Não foi a China, a Índia nem os Estados Unidos que impuseram sobre o cenário mundial o vínculo entre a luta pela defesa do clima e a inovação tecnológica. O continente sempre foi um berço de grandes idéias. A revolução verde já está plantada ali.

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